Esta crueldade nossa...
de enterrar pelo peito os profundos abismos
que levamos ocultos na vida interior...
A crueldade sem fim que ao nos sentir sedentos
nos leva a contemplar lagos de encantamento
perdidos na alvorada de um celeste fulgor.
Crueldade que se esconde em cada coração,
faz arder os espasmos da mais pungente dor
ou revive nas asas da meditação...
Noite de 20 de julho de 1919
Pablo Neruda - in Cadernos de Temuco
Trad Thiago de Mello